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Pessach

 

 

Introdução

 

O Povo Judeu passou 210 anos escravizados no Egito e após esta longa fase de amargura e sofrimento, D's nos salvou da escravidão com milagres e maravilhas.

Pessach é a base da fé judaica, pois, neste período, todo o povo vivenciou a existência de D's, através das dez pragas, abertura do Mar Vermelho e entrega da Torá no Monte Sinai. Fora de Israel, Pessach tem oito dias de duração – nos dois primeiros dias, comemoramos a saída do Egito propriamente dita e nos dois últimos, o milagre da abertura do mar.

 

Cortar o cabelo e fazer a barba

 

Durante Pessach é proibido fazer a barba e cortar o cabelo. E logo após Pessach, entramos no período de sefirat haomer, no qual também isto também é proibido (por cerca de um mês). Assim, sendo necessário, devemos cortar o cabelo e fazer a barba antes de começar Pessach. Deve-se cortar na véspera, antes do meio do dia. Caso já tenha passado este horário, podemos ainda cortar o cabelo através de um não judeu até antes do início do Chag.

 

 

Acendimento das velas

 

Uma vez que é proibido acender fogo no Yom Tov (somente é permitido transferir a partir de um fogo pré-existente), devemos deixar uma vela que dure pelo menos 2 dias acesa antes do horário das velas do primeiro dia da festa. Através dela, podemos acender as velas do segundo dia do Yom Tov e passar o fogo para cozinhar.

Vale lembrar que também não podemos apagar o fogo no yom tov, de modo que, após acendermos as velas, devemos colocar o palito ainda aceso sobre uma superfície na qual ele apague sozinho.

 

Tefilin em Pessach

 

Não se coloca tefilin durante todos os oito dias de Pessach.

 

A proibição relativa ao chametz

 

O chametz consiste em qualquer alimento fermentado que contenha um dos cinco cereais mencionados na Torá, que são: trigo, cevada, centeio, aveia e espelta, independente da quantidade.

O único alimento com trigo que pode ser consumido em Pessach é a matzá, pois é produzida de forma especial, seguindo as condições da halachá relativas ao tempo extremamente rápido de contato entre a água e a farinha para não haver nenhuma chance de ocorrer fermentação.

Além da proibição de comer chametz, também é proibido possuir chametz em nossas propriedades.

A proibição de comer chametz, começa já na véspera de Pessach, às 9:30h da manhã (mesmo que Pessach só começa à noite), durando até o final do oitavo dia do Chag.

 

Venda do chametz

 

O chametz que pretendemos manter em nossas propriedades deve ser vendido a um não judeu, sendo readquirido depois de Pessach. Para que a venda seja realizada de acordo com as regras da Torá, ela deve ser feita através de um rabino.

Assim, todos devem procurar um rabino para vender seu chametz até a noite anterior a Pessach, pois a venda costuma ser realizada na véspera de Pessach de manhã bem cedo.

Apesar do chametz continuar em nossa casa (guardado durante Pessach em um armário sinalizado e não usado) e apesar do não judeu não vir buscá-lo de fato em nossas casas, deve-se saber que é realizada uma venda real e não simbólica.

O chametz que não foi vendido antes de Pessach torna-se proibido ao consumo, mesmo após Pessach.  

 

Produtos industrializados

 

Muitos produtos industrializados, apesar de parecerem “inocentes”, contêm chametz. Por isso, também devem ser colocados junto aos alimentos que serão vendidos. Assim sendo, devemos seguir a lista de alimentos kasher para Pessach e comprar o que precisamos em lojas kasher.

Muitas bebidas, como cerveja, whisky, etc contêm chametz. O consumo de refrigerante sem selo de kasher lepessach também é proibido.

Pode-se manter em casa qualquer produto não comestível que contenha chametz. Ou seja, artigos como produtos de limpeza, etc, não necessitam ser “kasher lepessach”.  

 

Utensílios

 

O ideal é possuir utensílios de cozinha guardados para serem utilizados anualmente só em Pessach.

Porém, há utensílios que podem ser kasherizados, tornando-se aptos para serem utilizados durante Pessach. Para tal, é necessário estudar as halachot (leis) sobre o assunto ou consultar um rabino.

 

Leguminosas

 

Os ashkenazim não costumam comer em Pessach as leguminosas (amendoim, arroz, ervilha, fava, feijão, gergelim, grão de bico, lentilha, milho, mostarda, soja, vagem, etc). Porém, elas não são chametz e não precisam ser vendidas.

É permitido a um ashkenazi comer na casa de um sefaradi alimentos que não contenham leguminosas, mesmo que estes tenham sido preparados em panelas em que foram cozidas leguminosas nas últimas 24h.

 

Medicamentos

 

Durante Pessach, em caso de necessidade, é permitido tomar remédios que não tenham gosto. Porém, remédios que têm gosto, necessitam de supervisão para Pessach. Caso haja necessidade, consulte uma autoridade rabínica.

 

Busca pelo chametz (bedikat chametz) 2016

Procura do chametz:  21/04 – 5ª feira às 17:57h

 

Costuma-se iniciar a limpeza da casa para Pessach com a devida antecedência e encerrá-la durante o dia, antes da noite da verificação.

Após a saída das estrelas (conforme a tabela acima) da noite anterior a Pessach, devemos procurar o chametz em todos os lugares onde ele talvez esteja presente.

Existe um costume de, antes da busca, espalhar pela casa 10 pedaços de pão embrulhados, para que, com certeza, encontremos algo e nossa brachá não seja em vão. A procura não deve ser apenas simbólica, só para encontrar estes 10 pedaços de pão, mas sim, para de fato buscar possíveis restos de chametz.

Esta busca deve ser feita à luz de uma vela. Em locais onde haja risco de incêndio, deve-se fazer com lanterna.

O dono da casa pode fazer a brachá perto de seus familiares (que responderão “amen”) e, então, cada um vai para seu canto procurar.  

Antes da verificação, devemos fazer a seguinte brachá:

Baruch ata Ado-nai, Elo-henu melech ha’olam asher kideshanu bemitzvotav vetzivanu al biur chametz.

Após recitar a brachá, não se deve falar nada até o início da verificação. O mais correto é não falar nada até o seu término.

Se a pessoa não procurou o chametz nessa noite, deverá procurá-lo na manhã seguinte, também à luz de uma vela.

Após a verificação, devemos anular o chametz que talvez ainda esteja em nossos recintos, mas que não sabemos de sua existência.

Para tal, dizemos três vezes o “kal chamirah”, que deve ser recitado no idioma que a pessoa entenda:

Todo o chametz existente em minha propriedade, que eu não tenha visto nem exterminado, que seja anulado e considerado como o pó da terra.

 

Comer chametz e matzá na véspera de Pessach

 

Até este momento, ainda não anulamos o chametz que sabemos de sua existência, pois este ainda poderá ser consumido na manhã do dia seguinte (véspera de Pessach).

Porém, devemos tomar cuidado para guardar bem o chametz, tanto o que será consumido na véspera de Pessach de manhã cedo, quanto o que foi encontrado na busca pelo chametz e será queimado, para que nenhuma criança pegue e espalhe pela casa.

Na véspera de Pessach, não é permitido comer matzá, até a hora do seder, para que no momento de cumprir a mitzvá de comer a matzá no seder, isto seja feito com mais vontade e alegria.

Em relação a comer outros alimentos feitos com farinha de matzá, se forem cozidos é permitido, mas se forem assados, é proibido.

 

Queima do chametz

 

O chametz que foi encontrado em casa e não for vendido, deverá ser queimado na manhã seguinte, ou seja, na véspera de Pessach, até às 10:30h da manhã.

Após a queima, devemos anular, desta vez, todo o chametz de nossas propriedades. Também nesta anulação (“kal chamirá”), o texto deve ser recitado num idioma compreendido:

Todo o chametz existente em minha propriedade, que eu tenha visto ou não, que eu tenha exterminado ou não, que seja anulado e considerado como o pó da terra.

 

Taanit bechorot (jejum dos primogênitos)

 

Na manhã da véspera de Pessach, os primogênitos devem jejuar.

Para este jejum, é considerado primogênito aquele que é o primeiro filho de seu pai ou de sua mãe, nascendo de parto normal, e até mesmo um primogênito que nasceu após um aborto espontâneo. Porém, se o primogênito nasceu de cesária, não precisa jejuar.

Para que não precisem jejuar, costuma-se terminar um tratado talmúdico na manhã do jejum.

Os primogênitos devem tomar cuidado para não comerem nem beberem nada, até que presenciem este término.

 

Eruv tavshilin (quando yom tov cair na véspera de shabat)

 

Não se pode cozinhar no Yom Tov para o shabat, por ser considerado outro dia. Para podermos cozinhar no Yom Tov para o Shabat, antes de começar o Yom Tov  devemos fazer o "eruv tavshilin".

O "eruv tavshilin" consiste em começarmos a cozinhar antes do yom tov, já para o shabat, e, assim, nos é permitido continuar as preparações para o shabat no yom tov.

Para isso, costumamos cozinhar um ovo antes do yom tov, pegamos este ovo juntamente com uma matzá, que será o nosso "eruv" e, com eles, devemos fazer a brachá: "Baruch atá ... asher kideshanu bemitsvotav vetsivanu al mitsvat eruv" e, logo em seguida, devemos recitar o trecho: "Através deste eruv, nos será permitido assar, cozinhar, manter aquecida a comida, acender a chama e preparar tudo que for necessário para o shabat no yom tov".

Esta matzá e este ovo devem ser guardados até o shabat e consumidos em uma das refeições do shabat.

 

O SEDER DE PESSACH

 

Em primeiro lugar, devemos esclarecer que o seder de pessach não é somente um simbolismo. Temos mitsvot muito preciosas que só podemos cumprir nesta noite e, por isso, é importante estudarmos como devemos proceder.

Falaremos sobre as quatro mitsvot presentes nesta noite:

 

1- Os quatro copos de vinho:

Todos os presentes têm a obrigação de beber quatro copos de vinho ou suco de uva kasher durante o seder.

O copo deve conter um mínimo de 86ml. O ideal é bebermos o copo inteiro a cada vez, mas se bebermos no mínimo 44ml (mais da metade dos 86ml), de uma vez, ainda assim cumprimos a mitsvá.

Devemos beber cada um dos quatro copos se inclinando para a esquerda (sefaradim: homens e mulheres; ashkenazim: somente os homens).

Os quatro copos devem ser bebidos de acordo com a ordem da hagadá, e não um após o outro.

 

2- Matsá:

Durante o seder, há três vezes que devemos comer matsá, sendo a primeira vez, uma mitsvá da Torá. Para cumprirmos a mitsvá de comer matsá em pessach, também há uma quantidade mínima.

Na primeira vez que comemos, deve ser uma matsá inteira. Caso seja muito difícil, podemos comer no mínimo 2/3 de uma matsá.

Na segunda vez (no "sanduíche" de matsá com maror e charosset), devemos comer 2/3 de uma matsá. Caso seja difícil, podemos comer no mínimo 1/3 de uma matsá.

E, finalmente, na terceira vez, que é o "afikoman", que comemos após a sobremesa, devemos comer 2/3 de uma matsá. Caso seja difícil, podemos comer no mínimo 1/3 de uma matsá. O afikoman deve ser comido antes da metade da noite.

Após o "afikoman", é proibido comer ou beber qualquer coisa além dos dois últimos copos de vinho/suco de uva e água.

 

3- Maror:

Costumamos usar como maror, a alface romana, tomando muito cuidado em verificá-la antes do consumo para que não contenha vermes. Outra possibilidade é a endívia, que é mais cara, porém, muito mais limpa.

Devemos comer 28g para cumprirmos a mitsvá. Tanto quando comemos o maror puro quanto quando comemos o "sanduíche".

Devemos molhá-lo no charosset, porém tomando cuidado para não deixá-lo muito doce. (É importante tomarmos cuidado com a preparação do charosset, para que os ingredientes sejam kasher para pessach).

Não é necessário reclinar-se ao comer o maror.

 

4-Hagadá:

A mitsvá é de se contar sobre a saída do Egito.  Assim, se não entendemos o hebraico, é melhor que seja lida também a tradução ou que a recitemos em português.

A parte mais importante da Hagadá é quando citamos as palavras "Pessach, Matsá e Maror" e explicamos cada uma delas e qual o motivo de cada um em pessach. Se a pessoa não falou isso, ela não cumpre a mitsvá.

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